terça-feira, 28 de setembro de 2010

desabafo de uma mãe de família


A seguir, caros leitores, uma compilação de 5 anos de Ozelame e mais uns 15 anos de trabalho e convivência com pessoas bastante especiais e que me deixaram várias lembranças. Toda essa informação foi incorporada por mim e imergiu na forma de uma nova personalidade: uma mãe de família que aqui será chamada de Dona Cleide.


Eu tive uma infância muito triste, minha mãe dizia até o fim da vida "Porque cê não saiu como a Prima Marlete?!", "Porque essa menina não é como a Prima Marlete!?". Quando fiquei mais velha, descobri que a Prima Marlete tinha morrido no parto.

Eu ensino pros meus filho que "feio" é matá e roubá, o resto é lucro. A gente vive numa área invadida. Já sou avó, minha filha mais velha de 15 ano ta grávida do terceiro. Ela me disse: "Mãe, eu acho que eu vou dar adiante esse aqui". Eu disse à ela: "Dê minha filha, porque seu pai já não tem mais carteira pra tanta fotografia".

 
Minha sogra sempre disse que queria se cremada, a vida inteira dela. Fizeram feriadão do último natal e ano novo eu disse, “Jorge, vamo aproveita a folga que tá todo mundo em casa vamo crema a vó Neide, neh?". Todo mundo concordô. Ela não parava de dizer "Não morri ainda" e eu dizia "Cala a boca velha desgraçada, reclamona do diabo, que o mundo não gira ao teu redor". Sempre foi reclamona a velha, reclamava de tudo... "Não pisa na mangueira do meu oxigênio", "Não quero o rádio ligado na banheira"... Tudo feito, cremamo a velha, truchemo as cinza. Ela sempre dizia que queria se jogada no mar. Pensei, vamo espera as criança irem pra praia com a incursão da escola e eles levem a véia e joguem no mar. Botei no armário pra não sesquece, e acabaram comendo por aveia e linhaça da multimistura a desgraçada!


Esses dia me chamaro na escola do menino, meu filho Jaquisson.. Veio a professora, a orientadora, a diretora a merendeira, todas me dize que o menino não fala, ele não olha pros lado, ele não interage, não participa, não conversa. Eu disse, "Escuta aqui, corna descabaçada, tu acha que esse menino não tem mãe? Não tem pai? Não tem educação? Me levo 5 ano pra deixa ele mudo, agora você ta querendo que ele fale? Pela mor de deus, você não me conhece e eu não te conheço mulher, eu pego e eu faço um escândalo!!!". Porque eu sou barraqueira, sim senhora. Tapei a boca da mulher.


Teve a minha filha Marluce, pobre coitada a menina é gorda. Que que eu posso faze? Me chamá pra me dize que a minha filha é gorda? A senhora acha que eu tenho pobrema de visão? A senhora quer dizer que eu não sei oque se passa na vida de meus fio? A menina é gorda sim, eu disse a ela, "Minha filha, daqui a pouco ninguém mais quer te comer, ainda vou ter que te buta num psicólogo? É isso que tu que? Tah?!". Pelo menos se acontece uma desgraça, um desbarranque, uma avalancha, a menina tem uma chance pelo menos.


O outro então, Genésio, me disse, "Mãe eu sou emo", eu virei um tapa na cara e disse "Deixa de se puto moleque, vá arrumá o que fazê, não me enxa o saco". Deu uns dia, achei uns cigarro diferente na moxila do moleque... Eu dei-lhe de pau que arranquei aquela franja a tapa, filho da puta sua mãe aqui penando pra bota um aipim com farinha em cima da mesa e cetaí fumano? Vá fumá na casa do caralho, menino estranho!


E essa vacina da gripe do porco?! Deus me livre, aquele postinho tava uma guerra menina, eu disse, "Doutora, a senhora me respeite, que eu sou uma mulher limpa, pobre, mas limpa. Na minha casa não entra peixe, num entra galinha, num entra boi e muito menos porco. A senhora já reparou o preço da carne? Criei meus filho tudo vegetariano. É sim senhora, quiseram mata os rato por causa da lequitospirose, os gato as criança gostam tem pena. Que que eu posso faze?"


Essa é uma página do diário de Dona Cleide, qualquer dia postarei outra página...

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